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9.3.12

Doce prazer

Seus corpos mortos sobre o lençol branco denunciavam uma noite de muito álcool e poucas lembranças. Estavam ali, adormecidos e imersos na mesma cama. Eis que como num reflexo, dessas coisas que o corpo faz sem a consciência da mente, os corpos se aproximam um do outro e se encaixam lentamente. 
Os dedos dele começam a dedilhar pelas costelas dela, sendo favorecidos pela lei da gravidade. O polegar do moço circula o umbigo da moça, num convite a uma brincadeira quase infantil. Num misto de cócegas e de um tesão que se anuncia, ela resmunga algo que ele não entende, mas sabe que quer dizer “vá em frente”. Sua mão esquerda desce a barriga dela, pulando direto para a região interior da coxa e acariciando o elástico da sua calcinha.
 O corpo dela já o deseja presente em cada parte. Delicadamente, ele desliza a calcinha dela para o lado, e mostra a toda a humanidade o quanto é possível que dois corpos ocupem, sim, o mesmo espaço. Lá fora começa a amanhecer. O prazer deles é tanto que seca todo o álcool que se fazia existir em seus corpos, transformando cada gole de ressaca em goles de desejo. Lentamente movimentam-se de uma forma estranhamente sincronizada. A língua dele no pescoço dela, as fantasias dela no corpo dele. 
O sol se anuncia e não é lá fora. E de repente, antes que ele chegue ao êxtase, faz sol dentro dela. Uma luz a invade, dançando por todo o seu corpo, enrijecendo cada músculo de seu ser e fazendo-lhe não questionar mais nada no mundo. “Ah, como é bom ser só um corpo, como é bom, por um instante, ser apenas um buraco”, ela pensa sem pensar. 
E então, quase que num gesto de solidaridade, deixa escapar o gemido sexy do mundo, compartilhando a sua luz com ele.

Um comentário:

Mulher Intensa disse...

E que doce prazer, mais sabaoso!

Beijos Intensos